A avaliação do padrão oclusal é um processo clínico detalhado que envolve a observação da relação entre os dentes superiores e inferiores, tanto em repouso quanto durante os movimentos mandibulares. Os principais métodos e etapas incluem:
- Exame Clínico:
- O dentista observa o alinhamento dos dentes e o encaixe oclusal em posição de mordida centralizada (oclusão cêntrica).
- Também são verificados os contatos dentários em diferentes movimentos da mandíbula, como lateralização, protrusão (movimento para frente) e retrusão (movimento para trás).
- A presença de desgastes dentários, fraturas e outras alterações nos dentes pode indicar desequilíbrios na oclusão.
- Teste de Articulação:
- O uso de papel carbono (papel de articular) é comum para verificar os pontos de contato entre os dentes. Ao morder sobre esse papel, são deixadas marcas que indicam os locais onde os dentes estão em contato. Através dessas marcas, o dentista consegue identificar contatos prematuros ou áreas de força excessiva.
- Exame da Posição de Referência:
- A posição de referência refere-se à posição mais posterior da mandíbula em relação ao crânio, sem contato dentário e sem compressão articular. Essa posição será confortável a um paciente com oclusão ideal e também é onde haverá contato estável entre os dentes e as articulações da ATM. O dentista pode avaliar se a posição de referência coincide com a oclusão habitual (mordida normal) ou se há algum desvio.
- Avaliação da Oclusão Funcional:
- A oclusão funcional é observada durante os movimentos da mastigação e fala. O dentista verifica se há interferências dentárias que impeçam o funcionamento harmonioso da mandíbula.
- Interferências oclusais ocorrem quando um dente entra em contato mais cedo que os outros durante os movimentos mandibulares, o que pode causar desgastes, dores musculares ou sobrecarga na ATM.
- Exame com Modelos de Gesso ou Digitalização:
- Moldes das arcadas dentárias podem ser feitos para uma análise mais detalhada. Esses modelos permitem ao dentista examinar com precisão a relação entre os dentes, oclusão e articulação, possibilitando ajustes quando necessário.
- A digitalização 3D das arcadas também é uma tecnologia cada vez mais utilizada, permitindo uma avaliação digital das relações oclusais.
- Uso de Placas Miorrelaxantes:
- Em alguns casos, o uso de placas oclusais é indicado para determinar a melhor posição oclusal e relaxar a musculatura facial, permitindo uma análise mais precisa do padrão oclusal em estado de relaxamento muscular.
Sinais de um padrão oclusal inadequado:
- Desgaste dentário: Quando há contatos prematuros ou desequilíbrio na distribuição das forças mastigatórias, os dentes podem sofrer desgastes irregulares, fissuras ou fraturas.
- Dores musculares e articulares: Um padrão oclusal desbalanceado pode gerar sobrecarga nos músculos da mastigação e na articulação temporomandibular, levando a dor, fadiga muscular, estalos ou travamentos na ATM.
- Dores de cabeça e cervicalgia: A tensão gerada por uma oclusão inadequada pode irradiar para outras regiões, como cabeça e pescoço, provocando dores de cabeça tensionais ou dores cervicais.
- Mobilidade dentária: Contatos inadequados podem levar ao afrouxamento dos dentes, aumentando o risco de mobilidade dentária e até perda dentária em casos mais graves.
- Desvio da mandíbula: Em uma oclusão desequilibrada, a mandíbula pode desviar lateralmente ou para frente e para trás durante os movimentos, o que pode causar desconforto ou desgaste assimétrico dos dentes.
Tratamento para correção do padrão oclusal:
- Ajuste oclusal: Pequenos desgastes seletivos podem ser realizados nos dentes para eliminar contatos prematuros e melhorar a distribuição das forças mastigatórias.
- Ortodontia: Em casos de maloclusão, o tratamento ortodôntico pode ser indicado para reposicionar os dentes e melhorar o encaixe oclusal.
- Placas oclusais: Placas miorrelaxantes ou estabilizadoras podem ser usadas para aliviar a sobrecarga muscular e articular, protegendo os dentes contra o desgaste.
- Reabilitação protética: Quando há perda dentária ou desgaste excessivo, restaurações protéticas (como coroas, facetas ou próteses) podem ser indicadas para restaurar a função oclusal.
Conclusão:
A avaliação do padrão oclusal é um passo essencial no diagnóstico e tratamento de várias condições odontológicas, como bruxismo, disfunção temporomandibular e problemas de oclusão. Identificar desajustes oclusais de forma precoce pode prevenir desgastes dentários, dores musculares e articulares, além de melhorar a qualidade de vida do paciente. Um exame cuidadoso, utilizando técnicas como palpação, papel de articular e digitalização, é necessário para obter um diagnóstico preciso e determinar o melhor tratamento.
